Coronavírus x Sono: Qual a relação?

Sono

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Você já parou pra pensar no impacto da pandemia no seu dia a dia? Provavelmente sim, afinal estamos sentindo na pele todos os efeitos de um distanciamento social forçado, impactando diretamente na nossa saúde mental e física.

Convidamos você hoje a realizar uma análise a respeito de como o seu sono foi impactado neste momento, quais as consequências disso e quais medidas você pode tomar para minimizar esses efeitos e recuperar a sua disposição.

Boa leitura!

Os impactos da pandemia no sono

Um estudo realizado pelo Ministério da Saúde apontou que quase 42% dos entrevistados relatou algum tipo de distúrbio de sono, seja dormir mais do que o normal ou apresentar dificuldade para pegar no sono.

Alterações nos hábitos diários, misturados ao sentimento de medo e ansiedade por conta do cenário atual são algumas das causas principais para esses distúrbios ganharem força.

Ironicamente, já foi cientificamente comprovado que dormir mal pode alterar o nosso organismo de modo que afete diretamente nossa imunidade, algo tão valioso na luta contra o novo vírus.

Sono e Imunidade

Como dissemos, o sono tem impacto direto sobre vários aspectos da nossa vida e também sobre a nossa imunidade.

Uma pesquisa realizada pela FAPESP demonstrou essa ligação, veja o resultado a seguir:

Na primeira fase da pesquisa, os pesquisadores submeteram voluntários à privação total do sono por 48 horas e à privação seletiva do sono REM, fase em que prevalecem os sonhos, por quatro noites seguidas. Nas últimas duas décadas, a média de duração do sono foi diminuindo, principalmente em relação ao sono REM, segundo Francieli Ruiz da Silva, principal autora do estudo, realizado no Instituto do Sono (Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão apoiado pela FAPESP). Os resultados foram publicados em artigo da revista Innate Immunity. 

Em uma segunda fase da pesquisa, feita com camundongos, foram investigados os efeitos da privação do sono no desenvolvimento de respostas específicas a um desafio imunológico. No primeiro estágio, avaliou-se a alteração no perfil imunológico dos voluntários causada pela falta de sono. Para isso, elaboraram-se leucogramas antes e após o experimento, exame que mede a quantidade de leucócitos no sangue. Ao longo de uma semana, 30 voluntários saudáveis, entre 18 a 30 anos, permaneceram no laboratório divididos em 3 grupos. O grupo controle dormiu normalmente, com o padrão de sono monitorado por polissonografia.

Já quem sofreu privação seletiva por 48h também teve o sono monitorado, sendo acordado por uma campainha toda vez que o exame indicava proximidade com a fase REM. Nas três noites seguintes, dormiram normalmente e foram monitorados pela polissonografia, a fim de evidenciar o efeito rebote do sono. Enquanto o grupo controle não apresentou mudanças no perfil imunológico, os voluntários do grupo sujeito à privação tiveram uma elevação nos leucócitos, especialmente nos neutrófilos, tipo celular que responde à maioria das infecções. Também houve aumento de linfócitos T CD4, responsáveis pela imunidade adaptativa. 

Os leucócitos desempenham a função de defesa quando há invasão por patógenos. Com a privação do sono, o organismo desencadeia um sinal de alerta, entendendo como uma agressão. Essa alteração foi revertida após as primeiras 24 horas de recuperação do sono, mas o número de linfócitos não normalizou após as três noites. No grupo privado do sono REM, houve diminuição também da imunoglobulina A (IgA) circulante no sangue durante todo o período do experimento. Esse efeito continuou depois das três noites de recuperação do sono.

Essa imunoglobulina é encontrada na secreção de mucosas, diretamente relacionada à proteção contra patógenos invasores, o que explica porque a privação do sono REM pode estar associada à suscetibilidade maior a doenças como gripes e resfriados. Já na segunda fase da pesquisa, um modelo de transplante de pele foi realizado entre duas linhagens diferentes de camundongos. A rejeição do tecido enxertado pelo organismo do receptor levou mais tempo nos animais submetidos à privação do sono, que levaram entre 15 a 18 dias. Já os do grupo de controle expeliram entre 8 a 10 dias. Esses números representam um aumento de 80% no tempo de sobrevida do tecido, comparando-se ao efeito de drogas imunossupressoras. O que causou isso foi a redução no número de linfócitos T CD4 no grupo submetido à privação do sono REM, havendo menos células de defesa. 

Como você percebeu, a qualidade do seu sono está intimamente ligada ao seu nível de imunidade e o quanto você pode ou não estar suscetível às doenças.

Em tempos de Coronavírus, especialmente, é importante manter nossa imunidade alta, por isso cuide do seu sono! Aqui você encontra diversas dicas de como melhorá-lo!

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